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Quem Precisa de Ajuda?

Nem melhor, nem pior.

Apenas em falta de alguma coisa que, quando encontrada, irá mudar sua vida para melhor.

O ajudado é, antes de mais nada, uma pessoa a quem faltam algumas habilidades de vida. Isso o leva a entrar em crises sucessivas de insatisfação consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Às vezes, parece-lhe que a falta é externa – ele busca sempre coisas e mudanças fora de sua pessoa. Muda de emprego, de casa, de cidade, de parceiro. Compra carro novo, roupa nova, um novo som. E, ainda assim, a falta persiste. Dela nasce a ansiedade e a confusão. Ele se sente perdido. Gastou toda sua força e energia na busca de coisas fora dele. Talvez tenha alcançado tudo aquilo que se prometeu um dia, na esperança de preencher o vazio – dinheiro, “status”, sucesso, às vezes aplauso e admiração.

Mas o vazio começou há muito tempo atrás e cresceu com ele e sua história. Na verdade, o vazio começou com as pessoas significativas de sua vida, a quem também faltaram habilidades para estabelecer com ele uma relação saudável e construtiva. Entre essas habilidades, é provável que tenha faltado uma crucial a seu desenvolvimento como pessoa: amor incondicional. Se os adultos que o cercaram não foram capazes de expressar afeto e de transmitir mensagens de amor incondicional, ele cresceu se percebendo como uma pessoa “não gostável”. De acordo com essas mensagens, ele só seria amado se preenchesse determinadas condições impostas pelos adultos: “Se você fizer isso... Se você fizer aquilo... Se você não fizer aquilo outro...”. Ele seria amado desde que fizesse determinadas coisas, e seu valor como pessoa não estava em simplesmente ser quem era, mas em fazer o que esperavam que fizesse – em ações que deveria executar para atender às expectativas dos outros. Não tendo sido realmente amado, não aprendeu a se amar.

Quando se tornou adulto, seu vazio era a falta de alguma coisa que se tornou tão indispensável quanto o ar que respirava: o amor a si mesmo, a que chamamos auto-estima.

Essa falta é a fonte de toda a insatisfação e infelicidade que o acompanham pela vida afora, até o dia que ele decide pedir ajuda. Para isso, é preciso que haja uma pré-disposição interna para ser ajudado. Ou seja, só pode receber ajuda quem admite que realmente precisa ser ajudado. Se é esse o caso, é hora de pedir socorro. Em meio à confusão e ansiedade, ele nem mesmo sabe o que lhe falta. Ou onde está se refletindo essa falta: se em sua área física, emocional ou intelectual. Se alguma coisa não vai bem com seu corpo, seu déficit é físico. Ele pode descobrir que não está bem suprido de sono, de descanso; que sua alimentação não está saudável; que sua resistência física está baixa, sua energia e vigor para o trabalho estão pequenos; que seu peso está abaixo ou acima do que deveria; ou que sua própria saúde está abalada por sintomas físicos ou por alguma doença que o impede de viver todo o seu potencial.

Seu déficit pode ser também emocional: seu relacionamento consigo mesmo e com os outros pode estar insatisfatório; ele pode estar sempre ansioso, angustiado, sem nem mesmo saber por quê. Pode ser que se sinta sempre sozinho. Ou sua própria situação objetiva de vida, no momento, pode estar muito difícil.

Sua vida intelectual pode ser também o foco de seu problema – ele pode estar tendo dificuldades de aprendizagem, de aquisição de conhecimentos e informações importantes para viver uma vida melhor. Enfim, o mais provável é que as três áreas estejam deficitárias, tal a interdependência entre elas.

É hora de encontrar uma pessoa que faça com ele aquilo que nunca fizeram antes – alguém que o atenda e responda à sua experiência, de modo a explorar onde está; alguém que, personalizando, o leve a compreender sua própria contribuição a seus problemas e a identificar onde quer chegar; e alguém que possa orientá-lo, ajudando-o a encontrar a melhor maneira de chegar lá.

Quem pode ajudá-lo agora?

Texto extraído do Livro Construindo a Relação de Ajuda, de Clara Feldman de Miranda e Márcio Lúcio de Miranda.

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