Mulheres... poderosas por fora, meninas por dentro
Na série Super Fun Night da Warner, a personagem Kendall chama atenção. Ótima advogada, tem uma posição alta na firma e ainda por cima é linda. Durona, faz pose de quem não liga para aquilo que falam dela. Quem vê até acredita que ela é a encarnação da segurança. Mas ela já deixou suas inseguranças e seu medo de ficar sozinha transparecerem. Kendall é ficção, mas representa uma realidade nas empresas.
O efeito insegurança
A insegurança não é uma novidade para as mulheres. Elas sempre sofreram a pressão por serem as responsáveis por um lar bem gerido e filhos bem sucedidos. Agora que a mulher está inserida no mercado de trabalho, esta pressão também se manifesta nessa área. E pressão e insegurança quando andam de mãos dadas fazem uma parceria não muito agradável.
Quando ainda não possui o auto-conhecimento de suas potencialidades, é natural sentir-se acossada, solitária, julgada. Muitas vezes a mulher alcançou um avançado conhecimento intelectual, mas não conheceu ainda suas partes internas, aquelas que permanecem inseguras e presas a modelagem dos membros familiares, por exemplo – a menina! Muitas vezes uma menina de 6, 7, 8 anos ainda, cheia de dúvidas e medos.
Quando estas partes internas não estão integradas ao psiquismo, mesmo que já esteja ocupando um cargo de direção onde a mulher dá as cartas, é comum ela sentir-se temerosa de que alguém tome aquilo que foi conquistado. Para completar, muitas chegam em casa e não têm com quem dividir essas angústias. Quando falo em “não ter”, incluo também aquelas mulheres cujos parceiros não as ouvem ou dizem que é “coisa de mulher”, desconsiderando o sofrimento. Sem contar que o homem também encontra-se, muitas vezes, tão sobrecarregado, vivendo condições muito semelhantes de stress, pressão e insegurança quanto à garantia do emprego e do que já conquistou.
A insegurança vem da falta de confiança em nós mesmos. Um dos maiores temores é o de sermos julgados. Somos seres sociais, não queremos apenas ser aceitos, queremos ser aprovados e amados pelo outro. O medo de errar aciona a insegurança. Muitas mulheres relatam que não conseguem expressar assertivamente suas opiniões e quando estão em uma reunião ou uma apresentação importante, por exemplo, percebem-se ofegantes e com a voz embargada.
Um dos grandes problemas da insegurança é barrar o crescimento do indivíduo. Ela pode ser um impedimento para assumir novos desafios no trabalho e/ ou na vida pessoal. Kristin Valentino, Psicóloga e professora da Universidade de Notre Dame, estuda o assunto e afirma que ser inseguro pode levar a um comportamento de superioridade – você se mostra superior para mascarar suas inseguranças. A partir daí, a coisa vira uma bola de neve: as pessoas não se aproximam de você, você fica ainda mais preocupado com o julgamento e passa se comportar com mais superioridade. Em liderança de equipes isso é um prato cheio para dificuldades de comunicação e conflitos.
Voltando à questão da mulher mais especificamente, podemos dizer que a notícia é boa: a insegurança pode ser transformada. Conheça alguns passos.
1. Reconhecer: você é uma poderosa insegura se...
tem dificuldade em manter contato olho no olho com colegas e superiores;
fica nervosa em situações onde é o centro das atenções (apresentação de projetos, avaliação de desempenho) com medo do julgamento;
tem sentimento de culpa por não expor ideias ou aceitar desafios como seus colegas o fazem, associando-se também o medo de ser prejudicada ou mesmo demitida;
sente a necessidade de agir com superioridade ou faz piadas constantemente sobre si mesma, tentando mascarar seus sentimentos reais;
tem a tendência a sempre pedir desculpas mesmo em situações onde não seja necessário faze-lo;
sofre com a baixa autoestima, sente-se deprimida;
sente que não tem um grupo social que lhe apoie: marido, colegas, filhos etc.
2. Vire o jogo!
Busque o autoconhecimento. Entenda a origem da sua insegurança e onde ela se manifesta. Faça uma linha do tempo com fotos, como você se sentia em apresentações na escola? Ou quando seus pais falavam com você? Observe-se: o que te deixa mais nervosa? Você tem sintomas físicos (dor de estômago, suor nas mãos)? Muitas vezes é sinal de que a “menina” entrou em ação.
Avalie o Swot. Qual é seu objetivo? Uma apresentação? Prepare-se. Avalie a situação e faça um balanço de suas forças e suas oportunidades, pois elas vão te ajudar. Avalie, então, suas fraquezas e as ameaças, coisas que atrapalham.
Rodeie-se de pessoas que te apoiem. Pode ser no trabalho ou fora dele. Converse com pessoas que te conhecem bem, fale de seus medos, não se isole, você não está sozinha.
Procure ajuda profissional. Um Coach analisa seus objetivos e o que te impede de alcança-los e conhece técnicas para ajudá-la a supera-los. A análise Swot (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) também faz parte do trabalho do Coach, que pode ajudá-la a entender e integrar a “menininha” que por acaso ainda esteja escondida dentro de você.
Comemore seus avanços. Aceitou um desafio novo? Soube se impor em um reunião? Se dê uma recompensa. Aprecie o que você conquistou fazendo algo que você goste. Isso pode ser desde dar uma volta na praia, beber um suco gostoso ou colocar mais energia no planejamento de uma viagem.
Por fim, pense na coragem que você teve para chegar até onde chegou. Mesmo que seja insegura, você também é corajosa. A coragem já está lá, seu trabalho será apenas despertá-la.