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Cultivando bons relacionamentos - A Arte de se Comunicar

Em tempos de amores líquidos e amizades instantâneas e passageiras, o estresse nos ambientes familiar e de trabalho vem aumentando e os relacionamentos estão cada vez mais fragilizados. Conflitos fazem parte da vida, quem dirá quando falamos de relacionamentos, mas nem sempre lidamos com eles de forma saudável. Muitas vezes recorremos à violência na nossa comunicação, seja ela verbal, ou até mesmo com um “simples” olhar de desprezo.

O que seria uma comunicação violenta? A comunicação violenta é aquela que não reconhece as necessidades e anseios do outro, que fecha os canais de empatia e compaixão, coloca as necessidades do transmissor da mensagem como as únicas legítimas e ainda pode usar palavras que contribuam para o efeito negativo do que se diz. Qual o resultado disso? Primeiramente é a reposta que provavelmente será igualmente violenta. Em segundo lugar, a comunicação perpetuará o conflito ao invés de encontrar uma solução. Em relacionamentos que exigem muita convivência, como relacionamentos românticos ou de trabalho, isso é um fator de grande desgaste.

Entretanto, o ser humano tem uma capacidade natural para a empatia e compaixão. Pensando nisso, o psicólogo Marshall Rosenberg desenvolveu a teoria da comunicação não violenta. Para ele, apesar de essa ser nossa tendência natural, nossos hábitos de pensamento e de falar que levam ao uso da violência são aprendidos com a cultura (ex. o homem que tem que falar “grosso” para afirmar sua autoridade).

Aprendemos a julgar, a exigir e a pensar em termos de o que queremos versus o que as pessoas fazem contra nós (impedir de conseguir o que queremos, nos magoar etc.). Esse tipo de comportamento gera ainda um padrão nocivo de procurar culpados pela forma como nos sentimos. Para Marshall Rosenberg isso é algo extremamente perigoso porque prejudica nossos relacionamentos, o que pode fazer do nosso dia-a-dia um verdadeiro inferno.

A comunicação não violenta nos ajuda a termos relacionamentos melhores através do desenvolvimento de habilidades de comunicação para voltarmos ao estado primário de empatia e compaixão, resultando em uma comunicação onde estamos mais conscientes do que queremos, do que dizemos e também de que o outro tem as mesmas necessidades que nós. Só assim podemos formar uma relação de parceria nos nossos relacionamentos e resolver conflitos de forma eficaz.

A prática da comunicação não violenta requer que seus adeptos pratiquem alguns aspectos. É necessário uma observação de si mesmo e dos outros para aprender a reconhecer e validar sentimentos e necessidades. Uma vez que reconhecemos isso, há 3 formas principais de aplicar a comunicação não violenta:

  • Autoempatia: ter compaixão conosco mesmo, avaliar nossos pensamentos e comportamentos sem nos culparmos;

  • Receber com empatia: ouvir o outro sem interromper, sem querer nos defender, sem nos prendermos a ideias pré-formadas, não culpar o outro;

  • Honestidade: devemos ser honestos no que queremos, no que sentimos. Não podemos querer que o outro adivinhe o que se passa pela nossa cabeça. A honestidade, no entanto, deve ser praticada sem agressividade, sem querer culpar o outro ou a si mesmo.

Se pensarmos no oposto de tudo isso, veremos que essa é a realidade de muitos relacionamentos: queremos ser entendidos, mas não nos dispomos a entender, colocamos nossas necessidades e sentimentos acima do outro, sem validar que o outro é exatamente como nós. Culpamos o outro por nossa infelicidade ou nos culpamos excessivamente por algo dar errado. Decidimos, antes mesmo da comunicação acontecer, o que é e o que não é, e sem saber estamos fechando os canais de comunicação.

A comunicação não violenta abre novamente o canal de empatia, promovendo uma comunicação mais “limpa”. Forma-se uma parceria e as pessoas não estão mais competindo, mas trabalhando juntas em prol do mesmo objetivo. Quando vivemos em um relacionamento de parceria, a qualidade dele aumenta. A comunicação não violenta nos permite conversar com confiança com nossos parceiros, seja da vida pessoal ou do trabalho, mantendo a saúde dos nossos relacionamentos.

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